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sábado, 4 de março de 2023

O maravilhoso mundo das marcas: Phebo

Uma viagem na história das primeiras perfumarias do Brasil, que, na senda lenta e atravancada da industrialização do país, foram fundadas por volta de 1850.

O sabonete Phebo surgiu em Belém do Pará, em 1930, apogeu do desenvolvimento da indústria de transformação no Brasil, e ainda guarda suas características quase artesanais de fabricação, que dá o ar de ser cada sabonete fabricado uma peça única. Dono de um marcante aroma suave, percebido em suas singulares essências, que tornam o ato de tomar banho uma experiência prazerosa.

Fachada da fábrica da Phebo, em Belém do Pará – 1950’s

Essa história começa em 1924, quando a família Santiago, portugueses provenientes da cidade de Macinhata do Vouga e proprietários da Fábrica de Fumos Minerva LTDA, fundaram na capital paraense, na Rua 28 de Setembro, N° 194, a A.L Silva LTDA.

O motivo era o de diversificar os negócios da família, sendo a produção de chapéus o foco principal. Entretanto, àquela época já caía em desuso este produto. E a A. L. Silva recebera, ainda na década de 1930, como pagamento de uma dívida, a Perfumaria Lusitana, o que levou os sócios a adentrar no ramo perfumaria, sendo a loção Estrela o primeiro artigo.

A empresa fabricava uma variedade de produtos ligados a limpeza e a higiene pessoal: loções para cabelos, pasta dental, água dentifrícia para melhorar o hálito bucal e sabonetes, que se destacou entre as categorias, dando condições de surgirem o sabonete damasco, sabonete londrino, sabonete favorito. Logo, sabonetes passou a ser a categoria-chefe.

Foi preciso, no entanto, vencer a concorrência dos sabonetes ingleses, que eram importados pelos comerciantes de Belém. Se baseou a família Santiago no sabonete inglês “Pears Soap” para lançar o seu “London Otto Rosa”, cuja fragrância marcante até hoje divide opiniões. O Pau-Rosa seria sua matéria prima principal. Na sequência, o produto passou a se chamar “Londres Odor de Rosas”.

Por já existir no mercado marca registrada com esse nome, o senhor Antônio Santiago sugeriu o nome Phebo, em analogia ao deus do Sol na mitologia grega. O “Phebo Odor de Rosas”, então, se popularizou e se tornou o primeiro produto de extremo sucesso produzido pela companhia A. L. Silva Cia Ltda.

Transcrevendo, com adaptação, da fonte de pesquisa: Nos primeiros anos, o sabonete Phebo utilizava um tambor de 100 litros em sua produção. Esta era feita de maneira artesanal, os Santiago fabricavam o sabonete em casa, em um fogão a lenha. 

Produção de sabonete na Inglaterra nos anos 1930.

Naquele tempo, demorava cerca de seis meses para ficar pronto o produto. O sistema de secagem exigia um longo período na estufa para ficar totalmente seco, caso contrário secava-se por fora, mas o miolo ficava mole. E o sabonete era dirigido a uma classe social mais alta, sendo mais caro que os sabonetes populares.

Anúncio da década de 1930 do sabonete inglês concorrente do Phebo.

Eram tempos em que se julgava o produto importado algo melhor do que o nacional. O que abriu o caminho para a consagração do sabonete Phebo no mercado local e nacional foi o fato de as importações do sabonete inglês terem se tornado mais restritas. A elite local adotou o sabonete Phebo como substituto do inglês “Pears Soap”.

A logística, no entanto, se tornou uma dificuldade. O problema estava em enviar produtos para os grandes centros consumidores, os quais ficavam no Sul do país. Na época, a via de transportes mais utilizada era a marítima. Muitos eram enviados em sistema de consignação, ocorrendo o risco de serem devolvidos. “O primeiro grande pedido, 6 dúzias de sabonetes Phebo, foi feito pela Farmácia J. G. de Araújo de Manaus, em 1932. Um ano depois, o Mappin Stores de São Paulo comprou 25 dúzias e se tornava o principal cliente”.

A Perfumaria Phebo só existiria juridicamente em 1936, antes a A.L usava somente como nome fantasia. Em 1937, outro grande passo foi dado com a aquisição das Perfumarias Salim Salles, que possuía relevante estrutura como oficinas para estamparia em metais, fabricação de latas e obras em folha de flandres, tipografia, encadernação e caixas de papelão, além das aperfeiçoadas oficinas de produção da saboaria, perfumes e cosméticos diversos, e cuja aquisição mostrou o que se tornou marca para a Phebo: independência de fornecedores, devido à sua localização geográfica.

Por volta de 1950, passadas as dificuldades da Segunda Guerra Mundial, a companhia criou outro produto que se tornaria um referencial da própria: a “Seiva de Alfazema da Phebo”. O senhor Mário Santiago viajou para a França em busca de essências, a fim de compor o produto. E chegou a uma fragrância leve e suave. No início, a seiva de alfazema era comercializada em garrafas de meio litro. A empresa tinha também uma linha de produtos chamada “madeira da Amazônia” que se tornou muito bem-sucedida.

1961, a Phebo já era marca bem conhecida. Para ganhar competitividade, inaugurou filial em São Paulo. A excelente administração de Mário Santiago conferiu a empresa posições importantes no mercado brasileiro, tendo sempre o Phebo Odor de Rosas como carro-chefe, sendo responsável por vender sozinho quase 6 milhões de unidades em 1966. Em 1971 iniciou-se a construção da fábrica de Feira de Santana, na Bahia.

E em 1980, a empresa conquistou um dos maiores prêmios da propaganda mundial: o “Leão de Ouro” de Cannes, na França. O comercial da “Seiva de Alfazema” produzido por Vander Cairo Levi rendeu este título a Perfumarias Phebo S/A. A propaganda tinha a intenção de atingir o público mais jovem e nela aparecia uma mulher usando Seiva de Alfazema e uma menina tentando imitar a mãe.

A história da Phebo em vários comerciais de TV.

Os ciclos de administração familiar foram desgastando a empresa, que já havia vencido até a crise do petróleo na década de 1970, tendo sido considerada em 1976, a maior perfumaria do Brasil. Porém, em 1988, a Phebo foi vendida para a PROCTER & GAMBLE, tendo sido adquirido por terceiros suas plantas de fabricação, assim como a marca. Somente em 2004, a Casa Granado, que já era dona da fábrica de Belém, adquiriu a marca, diretamente da Sara Lee DE/ Household & Bodycare do Brasil Ltda, até os dias atuais responsável por manter a Phebo no mercado.

Embalagem 2023 do sabonete Phebo

Conforme a fonte de pesquisa, o artigo pesquisado conta com informações e iconografia da dissertação ”INDÚSTRIA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL: a trajetória da perfumarias Phebo em Belém” de Marcílio Alves Chiacchio.

FONTES DE PESQUISA:

https://cariridasantigas.com.br/historias-da-vida-privada-a-historia-do-sabonete-phebo/

https://www.hehe.org.br/index.php/rabphe/article/view/573/421 (pdf)


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